domingo, 13 de agosto de 2017

SÍNTESE - Preconceito Línguístico de Marcos Bagno

Componente Curricular: Língua, Território e Sociedade
Docente: Angela Sivalli Ignatti
Discente: Erivelton Souza Campos

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Atividade: Elaborar uma síntese sobre os quatro mitos, de Marcos Bagno.

Texto encontrado em:
BAGNO, Marcos – Preconceito Linguístico o que é, como se faz. São Paulo: Edições Loyola, 1999 (p. 15 a 45)

Mito 01: “A língua portuguesa falada no Brasil apresenta uma unidade surpreendente”

O autor apresenta ao longo do texto alguns mitos que fomentam o preconceito linguístico presentes na língua portuguesa brasileira. O primeiro mito é apresentado como o maior e mais sério deles. Pensar a língua portuguesa no Brasil como uma única língua faladada de uma única forma desconsidera o peso sociocultural do regionalismo brasileiro e o contexto histórico de desenvolvimento dessa língua e dessa sociedade. Este mito reconhece a gramática ensinada e institucionalizada na escola contrariando a personalidade linguística de cada meio, num país continentalmente grande e diverso. Além da grande extensão territorial brasileira a injustiça social também se configura grande fator de diversidade e variabilidade da língua. O autor esclarece que, assim como existem “milhões de brasileiros sem terra, sem escola, sem teto, sem trabalho, sem saúde,” se este primeiro mito fosse verdade, seria necessário considerar que existem também “milhões de brasileiros sem língua.”  Por conta do desprestígio recebido pelas variedades linguísticas que não se enquadram perfeitamente ao modelo gramatical adotado pela norma culta, “muitos brasileiros deixam de usufruir de diversos serviços a que têm direito, simplesmente por não compreenderam a linguagem empregada pelos órgãos públicos. ” Bagno também ressalta que o ensino da língua portuguesa nas escolas deve respeitar as diversidades linguísticas dos educandos para melhor desenvolvimento e planejamento das políticas educacionais.

Mito 02: “Brasileiro não sabe português / Só em Portugal se fala bem português”

Assumir que o brasileiro não sabe falar português, levando em consideração apenas o modelo linguístico falado em Portugal, refletem segundo o autor, um complexo de inferioridade nutrido pela ideia de Brasil Colônia. Problema maior é que muitos intelectuais sustentam essa ideia, classificando a língua falada no Brasil como uma “corrupção” da língua portuguesa. Há de se considerar que o brasileiro exportou a sua língua e a fez reconhecida através das produções artísticas e literárias propriamente nacionais. O autor ainda aborda que “quando dizemos que no Brasil se fala português, usamos esse nome simplesmente por comodidade e por uma razão histórica. Como a gramática brasileira ainda recebe forte influência do tradicionalismo português, ainda hoje os brasileiros assumem a ideia de inferioridade no modo de falar português no Brasil em detrimento do modo de falar português em Portugal.

Mito 03: “Português é muito difícil”

O terceiro mito considera que a gramática portuguesa seja difícil justamente por esta se estabelecer sob a influência da norma gramatical de Portugal, desconsiderando as formações e transformações linguísticas que aconteceram e acontecem no Brasil. Intuitivamente, todo falante nativo fala bem sua própria língua, pois é capaz de empregar sem dificuldades as regras básicas de funcionamento dela. O problema no Brasil é que a língua ensinada tradicionalmente não se adequa ao uso brasileiro do português. Esta problemática se acentua quando depois de passadas as etapas de ensino fundamental e médio, os brasileiros ainda não conseguem compreender a norma culta e aplicá-la. Por fim, a ideia de “português difícil” propagada apenas alimenta um mercado que se forma em torno da “incapacidade” do brasileiro de se adequar à norma culta e para garantir poder às classes sociais privilegiadas.


Mito 04: “As pessoas sem instrução falam tudo errado”


O quarto mito ignora a legitimidade linguística das pessoas que não tem acesso à norma culta. Por sustentar o paradigma do primeiro mito, o de que o brasileiro tem uma única forma de falar o português, todas as variações linguísticas, fruto do processo de formação da sociedade brasileira, dos contextos socioculturais e regionais do país, são anuladas. O autor aborda que, “na visão preconceituosa dos fenômenos da língua, a transformação de L em R nos encontros consonantais como em Craudia, chicrete, praca, broco, pranta é tremendamente estigmatizada e às vezes é considerada até como um sinal do “atraso mental”. Como as pessoas que pronunciam palavras trancando o L pelo R pertencem a uma classe social desprestigiada, o preconceito a eminentemente ligado à questão não apenas linguística, mas social. O quarto mito diz respeito ao preconceito linguístico que é decorrente de um preconceito social.

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