terça-feira, 27 de novembro de 2018

Valorização e Formação dos Professores _ Síntese Reflexiva

SCHEIBE, Leda. Valorização e Formação dos Professores para a Educação Básica: Questões Desafiadoras para um Novo Plano Nacional de Educação. Educ. Soc., Campinas, v. 31, n. 112, p. 981-1000, jul.-set. 2010.


Toda a discussão de Scheibe se faz a partir do Plano Nacional de Educação - PNE em vigor articulando questões já resolvidas e alguns próximos desafios. A autora argumenta que o momento da construção do PNE é o momento da sociedade dizer o que deve ser.

O Cenário apresentado se faz a partir da formação do professor com dados do Censo Escolar de 2007, quando observa que 68,4% dos professores brasileiros possuem graduação completa. Além disso:

82% são mulheres; A média de idade é de 38 anos; 80% atual em uma só escola; 63% em um só turno; 83% na zona urbano e; 84% é da rede pública. O perfil dos docentes é diverso e a ausência de um Sistema Nacional de Educação parece ser uma das razões pelas quais a profissão se apresenta tão diferenciada e fragmentada.

Além dos desafios citados, que estão centrados nos baixos salários, deterioração das condições de trabalho, longas jornadas, indisciplina e violência na escola, salas superlotadas e da dificuldade em realizar atualizações de conteúdo e metodológicas. Outro agravante é a formação, visto que muitas instituições oferecem o ensino a distância ou com encontro no turno noturno, numa tradição disciplinar.

Os mecanismos de controle adotados são ações dispensáveis, pois além de considerarem o professor como indivíduo que apenas vende sua força de trabalho, carecem de uma ação mais processual e disgnóstica que encare o professor como ator indispensável no processo de ensino.

Os principais marcos legais são a Constituição de 88 e a Lei de Diretrizes e Bases de 96. A Constituição Federal reafirma a República Federativa que também considera os municípios como ente federados, causando uma descentralização, importantes por considerar as especificidades locais, mas destrutivas no sentido de consolidação de ações em regime de colaboração. União, estados e municípios não falam a mesma língua. Outros marcos legais citados são o Fudeb (2007), as Diretrizes Curriculares Nacionais (2002), a Lei do Piso Salarial (2008), dentre outros.

Outro ponto importante, destacado durante a discussão de Scheibe, foi a indissociabilidade entre a valorização e a formação do professor, dois aspectos que devem ser analisados sempre em conjunto e não distintamente.

"O PNE tem como uma das suas tarefas primordiais aprofundar a articulação da formação inicial com a formação continuada" que não pode estar distante da realidade em que o professor está inserido. Os modelos de formação percebidos durante a discussão e que fazem parte da formação do professor são: O modelo de conteúdos culturais cognitivos (mais tradicional) e o modelo pedagógico didático (mais atual). Este ultimo considera a procução na socialização do conhecimento, nas possibilidades de ensinar tudo a todos. O Financiamento para a formação também torna-se um desafio. Algo que deve ser ampliado também para a pós graduação.

Por fim, as questões abordadas no PNE não são novas, há décadas de discussão sobre tais questões e as demandas por formação adequada deve ser apoiadas mais seriamente pelo poder central.


sábado, 24 de novembro de 2018

Mais reflexão, menos informação! - Síntese Reflexiva

LIMA, Sônia Regina Albano de. Mais reflexão, menos informação! In: FAZENDA, Ivani (org). O Que é interdisciplinaridade? São Paulo : Cortez, 2008.

Diante dos paradoxos onde se situam as ciências e a toda sociedade, as imposições da globalização primordialmente aos países em desenvolvimento, afetam drasticamente as formas de se produzir conhecimento, ameaçando a história, a cultura e a tradição locais. A Ciência demonstra não acompanhar o modelo da Sociedade Universal.

Com a globalização esperava-se uma nova ordem social, bem como uma integração dos valores e identidades locais com os valores e as identidades globais, o que não aconteceu, visto que as culturas se valeram de meios suficientes para autopreservação.

Cultura então, é vista como instrumento social a partir da visão de Cacline, defendendo que cada nação possui duas especificidades. Assim, o que é bom para uma cultura poderá não ser boa para outra, embora aconteça, a importação cultural principalmente em países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, agravando diversos problemas econômicos, sociais, políticos e culturais.

O Brasil, portanto, tem na sua formação social, a hegemonização da cultura portuguesa em detrimento de suas especificidades, causando a impossibilidade de assumir para si um modelo definido de ser. O que se percebe é a rejeição de tudo que se diz nacional e principalmente popular.

A tarefa para o enfrentamento desta problemática é destinada à Educação, que mesmo sofrendo com dicotomias e oposições, tem o papel de não apenas produzir conhecimento, mas transformar as escolas em espaços de interação social, entendendo que o conhecimento deve ser analisado a partir das experiências de vida dos diversos atores.

A educação brasileira, portanto, assume uma postura mais pluralista, democrática, descentralizada e flexível, a partir da criação das Leis de Diretrizes e Bases em 1996, atentandose para as necessidades socioculturais, brasileiras e ao mercado de trabalho. Contudo, diante dos desafios na contemporaneidade, torna-se necessária uma reforma com bases interdisciplinares num conjunto de ações que possam modificar o futuro, na utilização de objetos de troca a partir das experiencias de vida.

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

A Interdisciplinaridade na Contemporaneidade: Qual Sentido? - Síntese Reflexiva

TAVARES, Dirce Encarnacion.  A Interdisciplinaridade na Contemporaneidade - Qual Sentido? In: FAZENDA, Ivani (org). O Que é interdisciplinaridade? São Paulo : Cortez, 2008.


O texto trata da necessidade de atuações interdisciplinares pelo professor - que devem se reconhecer como professor-pesquisador - no mundo contemporâneo, globalizado e complexo, partir do pensamento de Edgar Morin com o paradigma da complexidade e reforçado pela ideia de Cibercultura (Pierre Levy); Identidades Culturais na Pós Modernidade (Stuart Hall); Modernidade e Identidade (Anthony Giddens); e Modernidade Líquida (Zygmunt Bauman).

A Interdisciplinaridade que estabelece o diálogo na heterogeneidade, é o caminho que garante a religação dos saberes no mundo globalizado, destituindo os atritos causados da relação (ou não relação) entre o saber fragmentado e a Realidades Muldimensionais.

A autora tece suas reflexões a partir da experiência, como educadora no ensino superior, ao analisar histórias de vida de alunos do curso de pedagogia com mais de sessenta anos, na tentativa de dar resposta a uma série de questionamentos sobre a relação desses idosos com os estudos, como eles se julgam, se compreendem e se revelam, seus sonhos e ideais, como enfrentam o novo e como atuam no mundo tecnológico e globalizado.

Interdisciplinaridade é atrelada à atitude do professor e que portanto traz heranças de sua história de vida, seu autoconhecimento e o seu compromisso com o saber. Estas atitudes estão imersas no “sentido do ser”, “sentido de pertencer” e, por fim, no “sentido do fazer”, o que faz com que o que mais importa no fazer cotidiano do trabalho do educador não seja o ensino, mas o ordenamento do ensino, na busca continua por conhecimento e autoconhecimento diante das suas contradições, exercitando o desapego à rotina dogmática, conservadora e prepotente, estando sempre aberto ao diálogo, criando perspectivas futuras, impulsionando projetos de vida, aprimorando em si e no seu aluno a capacidade de pensar sobre o contexto, no mundo moderno e complexo.