sábado, 19 de agosto de 2017

CONTINUUM: Da Oralidade para a Escrita


Componente Curricular: Língua, Território e Sociedade
Docente: Angela Sivalli Ignatti

CONTINUUM: Da Oralidade para a Escrita
Texto em: MARCUSCHI, Antônio. Da fala para a escrita. São Paulo: Cortez, 2010. (p. 35 a 49)
Acesse o Texto Aqui

A língua falada e a língua escrita são antagônicas entre si? A língua escrita acompanha a língua fala e vice-versa? Estas questões geralmente vêm acompanhadas de preconceitos linguísticos que apontam fala e escritas como modalidades de linguagem em polos distantes e diferentes. A leitura do texto de Marcuschi contudo, sugere outro pensamento: o Continuum entre a fala e a escrita.
As diferenças entre fala e escrita não se concentram nestas enquanto modalidades da língua, mas nas realidades sociais que compõem a utilização destas modalidades, que se agrupam e se desenvolvem na pratica da linguagem para comunicação das pessoas. Assim sendo, a gama de influencias sociais que determinado grupo de pessoas pode fazer uso determinara como ela produz (ou reproduz) a linguagem nas suas modalidades escrita e/ou falada.
A hipótese que defendemos supõe que: as diferenças entre fala e escrita se dão dentro do continuum tipológico das práticas sociais de produção textual e não na relação dicotômica de dois polos opostos. Em consequência temos a ver com relações de vários planos, surgindo daí um conjunto de variações e não uma simples variação linear (MARCUSCHI, 2010, p. 37)

Marcuschi ainda aborda este pensamento - o de antagonismo entre fala e escrita - como um equívoco de muitos autores:
Veja-se, por exemplo, como no gráfico 3 fica claro o equívoco de muitos autores que consideram a fala como dialogada e a escrita como monologada, confundindo uma das formas de textualização da fala com a própria modalidade. Basta observar o agrupamento e a distribuição dos gêneros textuais representados no gráfico para perceber como a distribuição das modalidades é muito mais complexa do que se podia imaginar. (MARCUSCHI, 2010, p. 42)

O Equívoco apontado está em considerar apenas a fala e a escrita como dois polos distantes e diferentes de composição da linguagem sem observar as variações dos processos e das práticas de utilização dessas modalidades e que as ligam de acordo com o gênero textual que se entende ser adequado ao momento e ao contexto. São justamente estas variações, chamadas de Continuum entre a fala e a escrita que se contrapõem ao equívoco de muitos autores. Marcuschi aponta que os autores que consideram a fala somente como dialogada e a escrita como monologada, ignoram o contínuo dos gêneros que como coloca: são as convocações, comunicados, anúncios classificados, noticiário de rádio, noticiário de tv, explicações técnicas, etc.
Portanto, a nova concepção a que Marcuschi se refere está ligada à sua sugestão de "diferenciação gradual ou escalar" entre a fala e a escrita, eliminando o entendimento da pura dicotomia entre elas. A concepção de que a língua pressupõe um fenômeno heterogêneo, variável, histórico e social, que é indeterminado pelo ponto de vista semântico e sintático e que se manifesta em situações de uso concreta como texto e discurso. O autor diz que: para que haja o funcionamento pleno da língua, é necessário que se faça a contextualização para a produção e recepção, pois a organização linguística dos textos se dá no uso da língua como atividade situada.
A ideia de Marcuschi se aprimora no entendimento de que a fala e a escrita variam à medida em que uma modalidade se adequa a outra pelo contexto com que são utilizadas, descontruindo assim a ideia de que a fala e a escrita são antagônicas entre si. Portanto, o pensamento que reforça a distinção entre fala e escrita não se adequa a proposta feita por Marcuschi.

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