Relatório sobre debate a partir da leitura em:
KOSELLECK, Reinhart. Capítulo I: O futuro passado dos tempos modernos" In: Futuro Passado: contribuições à semântica dos tempos históricos. Rio de Janeiro: Contraponto/Ed. Puc-Rio, 2006. (p. 21-39)
Estando ausente, no momento da discussão em sala sobre o texto e o tema levantado por Koselleck, registro apenas às impressões a partir do que foi percebido no texto.
Koselleck utiliza, como ponto de partida para a discussão sobre o futuro passado nos tempos modernos, a obra “Batalha de Alexandre” de Albrecht Altdorfer, para apresentar as semelhanças que se quer destacar entre um acontecimento passado e um contemporâneo, neste primeiro momento, a Batalha de Alexandre e a Batalha de Maximiliano.
O autor ressalta o cunho cristão-humanista na obra, produto da influência da igreja na idade média e junto com essa influência toda história da cristandade até o “fim do mundo”.
O que se compreende por futuro passado então é justamente a perspectiva de futuro das gerações passadas captadas no presente (adotadas, neste caso, pela igreja católica), validando ou não tais concepções que se reinventam e buscam referência no que foi consolidado pela crença histórica.
Na era de poderio da Igreja, as perspectivas de futuros precisavam da autorização dessa instituição que patenteava (ou não) essas “visões” a seu modo.
A ideia de fim dos tempos concebida pela igreja é certa de um futuro enquanto está suspensa. Suspensa no tempo enquanto futuro houver (por não ser o fim propriamente). Assim, a história da igreja, como a história do fim do tempo carregada por ela, e por ela a história da salvação se perpetuam no futuro.
Os conflitos pelo domínio sobre as questões do futuro ocasionam uma distinção hierarquizada entre religião e política, o que muda a experiência do tempo na modernidade.
Neste novo contexto, o pensamento que traduz a relação entre a história e o futuro é que “a história humana não tem qualquer meta a atingir; ela é o campo da probabilidade e da inteligência humana. Assegurar a paz é uma tarefa do Estado, e não a missão de um Império” (p. 29)
Num outro momento o que se percebe é a ascensão do Estado que reprime as previsões religiosas ou astrológicas sobre o futuro e apropria-se da manipulação do futuro. Ligada à noção de fim da Idade Média, a história adota o conceito trino de “Antiguidade, Idade Média e Idade Moderna” situando o homem na modernidade ciente de estar vivendo nela.
O que se tem é uma moderna filosofia atrelada à perspectiva de futuro do cidadão que se posiciona historicamente livre da submissão absolutista e da tutela da igreja, ou simplesmente predestinado, preso, ao que num momento passado se chamou futuro.
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