domingo, 28 de outubro de 2018

Silva (2005): Onde a Crítica Começa

SILVA, Tomaz Tadeu da. Onde a Crítica Começa: Ideologia, Reprodução, Resistência [p. 29-36] em Documentos de Identidade: uma introdução às teorias do currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 2005

Silva (2005), aborda já no início do texto, o panorama social mundial na década de 60, que foi marcado por amplas transformações. Um novo caráter das emergências sociais foi verificado em diversos países e a influência da educação como um instrumento de combate às desigualdades sociais passou a configurar um espaço aquecido e promissor de reflexões, análises e intervenções em vários locais e ao mesmo tempo.

As teorias tradicionais chocam-se com as teorias críticas e o currículo educacional recebe direta influência desse conflito. Em ordem cronológica, entre 1970 e 1979, Silva apresenta marcos fundamentais que abordam tanto a visão crítica da educação, quanto do próprio currículo, começando por Paulo Freire, com a Pedagogia do Oprimido.

A partir disso, Silva se volta para a obra de Louis Althusser, “A Ideologia e os Aparelhos Ideológicos do Estado” abordada como capaz de estabelecer uma conexão entre educação e ideologia, numa visão marxista, que aponta como manutenção da sociedade capitalista a partir da reprodução da força de trabalho e dos meios de produção, além dos mecanismos dos aparelhos repressivos e ideológicos do Estado.

A ideologia, na primeira parte da obra de Althusser, é constituída por crenças que nos levam a aceitar as estruturas sociais (capitalistas) existente como boas e desejáveis. Na segunda parte ela se utiliza dos aparelhos ideológicos, e a escola é o aparelho primordialmente abordado.

A escola como aparelho ideológico, transmite a ideologia a através do seu currículo, que doutrina e segrega. Os elos que são estabelecidos entre a escola e a economia, a escola e a produção, se apropriam da visão de Karl Marx sobre a sociedade capitalista. Conclui-se que a escola contribui para a reprodução da sociedade capitalista.

Enquanto Authusser aponta para conteúdo das disciplinas na escola enquanto aparelho ideológico, Bowles e Gintis explicam a relação entre escola e produção pelo conceito de correspondência, numa aprendizagem que se dá pelas relações sociais. O ideal é que o estudante de desenvolva e se aprimore subordinado numa adequação à classe dominada das relações de trabalho. As relações sociais da educação são as relações de trabalho. Além da contribuição de Karl Marx à escola capitalista, utiliza-se também as contribuições de Pierre Bourdieu e Jean-Claude Passeron que defendem que a cultura funciona como uma economia.

O processo de reprodução social está centrado no processo de reprodução cultural. E a cultura torna-se capital cultura à medida em que ganhar valor socialmente. A teoria sobre o símbolo de Bourdieu pertence a um mecanismo que garante que a cultura dominante seja “a cultura” por intermédio que os dois teóricos (Boudieu e Passeron) chamam de dupla violência (imposição e ocultação da imposição). Os dois teóricos trazem o conceito de Pedagogia Racional que defende que a educação possibilite as crianças das classes dominadas o aprendizado na escola a partir de suas realidades e não apenas da realidade das crianças das classes (e cultura) dominante.

A ideia do texto de Silva, desde Althusser até Bourdieu e Passeron é a análise da educação a partir da teoria educacional crítica que surge fortemente a partir dos anos 60, primordialmente nos anos 70 e 80.

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