Universidade Popular: Anísio Teixeira
"A educação brasileira possui uma dívida social"
O educador baiano Anísio Teixeira [1900-1971] foi uma das mais fecundas fontes do pensamento progressista na educação brasileira.
Antecipou o que Boaventura Santos veio a chamar de crise de identidade da instituição universitária: formar profissionais ou promover ciência & cultura? Educar cidadãos ou credenciar profissionais?
Foi defensor da educação como instrumento de integração social e emancipação política.
Defendeu uma revolução democrática, pacífica e sustentável, viabilizada pela universalização da educação nos níveis iniciais – como condição de emancipação política e equidade social – e pela ampla oportunidade de acesso à formação universitária – determinante do desenvolvimento humano e econômico das nações.
A concepção de Universidade Popular como instrumento de promoção da Educação Democrática no ensino superior foi desenvolvida por Anísio, no final da década de 1940.
Para a gestão desses processos pedagógicos renovados pela tecnologia, será necessário um perfil de docente totalmente distinto do que ainda predomina na universidade brasileira.
Assim, como será exposto adiante, o projeto da UFSB inspira-se em reflexões, conceitos e iniciativas de construção institucional, desenvolvidos e aplicados pioneiramente por Anísio Teixeira
A concepção dos colégios universitários, elemento central do conceito anisiano de Universidade Popular, destinava-se à necessária ampliação do acesso à educação superior a grupos sociais historicamente dela excluídos.
"A educação brasileira possui uma dívida social"
O educador baiano Anísio Teixeira [1900-1971] foi uma das mais fecundas fontes do pensamento progressista na educação brasileira.
Antecipou o que Boaventura Santos veio a chamar de crise de identidade da instituição universitária: formar profissionais ou promover ciência & cultura? Educar cidadãos ou credenciar profissionais?
Foi defensor da educação como instrumento de integração social e emancipação política.
Defendeu uma revolução democrática, pacífica e sustentável, viabilizada pela universalização da educação nos níveis iniciais – como condição de emancipação política e equidade social – e pela ampla oportunidade de acesso à formação universitária – determinante do desenvolvimento humano e econômico das nações.
A concepção de Universidade Popular como instrumento de promoção da Educação Democrática no ensino superior foi desenvolvida por Anísio, no final da década de 1940.
Para a gestão desses processos pedagógicos renovados pela tecnologia, será necessário um perfil de docente totalmente distinto do que ainda predomina na universidade brasileira.
Assim, como será exposto adiante, o projeto da UFSB inspira-se em reflexões, conceitos e iniciativas de construção institucional, desenvolvidos e aplicados pioneiramente por Anísio Teixeira
A concepção dos colégios universitários, elemento central do conceito anisiano de Universidade Popular, destinava-se à necessária ampliação do acesso à educação superior a grupos sociais historicamente dela excluídos.
Pedagogia da autonomia: Paulo Freire
"Educação é criação de oportunidades para a construção coletiva de saberes."
Essa abordagem compreende uma perspectiva contextual aplicada à alfabetização e níveis fundamentais de educação.
O pensamento de Paulo Freire parte do princípio de que, nas sociedades modernas, a educação assume duas funções sociais antagônicas e contraditórias: educação para a libertação ou para a domesticação (...) sabedoria popular versus conhecimento científico ou estado versus sociedade civil
Freire enfatiza práticas pedagógicas orientadas por uma postura política de humanismo crítico e de ética universalista, com o objetivo de desenvolver autonomia, competência e capacidade crítica num contexto de valorização da cultura.
Nesse foco, educação não significa mero conjunto de atos de transmissão de conhecimentos, mas sim criação de oportunidades para a construção coletiva de saberes.
Apesar disso, a proposição de educação para adultos de Paulo Freire traz uma contribuição implícita de grande potencial para os objetivos da UFSB. Neste caso, deve-se observar, uma preocupação radical com a autonomia dos sujeitos num processo educativo contextualizado.
"Educação é criação de oportunidades para a construção coletiva de saberes."
Essa abordagem compreende uma perspectiva contextual aplicada à alfabetização e níveis fundamentais de educação.
O pensamento de Paulo Freire parte do princípio de que, nas sociedades modernas, a educação assume duas funções sociais antagônicas e contraditórias: educação para a libertação ou para a domesticação (...) sabedoria popular versus conhecimento científico ou estado versus sociedade civil
Freire enfatiza práticas pedagógicas orientadas por uma postura política de humanismo crítico e de ética universalista, com o objetivo de desenvolver autonomia, competência e capacidade crítica num contexto de valorização da cultura.
Nesse foco, educação não significa mero conjunto de atos de transmissão de conhecimentos, mas sim criação de oportunidades para a construção coletiva de saberes.
Apesar disso, a proposição de educação para adultos de Paulo Freire traz uma contribuição implícita de grande potencial para os objetivos da UFSB. Neste caso, deve-se observar, uma preocupação radical com a autonomia dos sujeitos num processo educativo contextualizado.
Geografia Nova: Milton Santos
É insustentável a ideia de Universidade como torre de marfim.
A complexidade da sociedade contemporânea, resultante da emergência de novos macroprocessos e microprocessos sociais, políticos e econômicos, analisados criticamente pelo eminente pensador e geógrafo Milton Santos, tem produzido efeitos estruturais que repercutem sobre a instituição universitária.
Nessa conjuntura atual de mundialização, multiculturalismo, aquecimento global, realidade virtual, movimentos sociais expandidos e democracia em tempo real, não cabe sustentar a ideia de Universidade como torre de marfim.
A problemática da universidade é tratada no pensamento miltoniano na perspectiva de um multiculturalismo politicamente dominado e de uma matriz acadêmica instrumental.
O projeto político emancipatório de inspiração miltoniana, assumido com entusiasmo na proposta da UFSB, permite superar três características da universidade brasileira: 1) romper com a tradição cartorial herdada da universidade lusitana colonial, 2) desconstruir a herança eurocêntrica da elite nacional e 3) reparar as sequelas da reforma universitária imposta pelo regime militar em 1968.
Como fazê-la (a Universidade) politicamente responsável, socialmente inclusiva e, ao mesmo tempo, reafirmar a excelência acadêmica que a define como instituição plena de autonomia e criatividade? Como fomentar eficiência e economicidade pertinentes à gestão pública e, ao fazê-lo, incutir valores pertinentes ao contexto contemporâneo mutante e globalizado?
É insustentável a ideia de Universidade como torre de marfim.
A complexidade da sociedade contemporânea, resultante da emergência de novos macroprocessos e microprocessos sociais, políticos e econômicos, analisados criticamente pelo eminente pensador e geógrafo Milton Santos, tem produzido efeitos estruturais que repercutem sobre a instituição universitária.
Nessa conjuntura atual de mundialização, multiculturalismo, aquecimento global, realidade virtual, movimentos sociais expandidos e democracia em tempo real, não cabe sustentar a ideia de Universidade como torre de marfim.
A problemática da universidade é tratada no pensamento miltoniano na perspectiva de um multiculturalismo politicamente dominado e de uma matriz acadêmica instrumental.
O projeto político emancipatório de inspiração miltoniana, assumido com entusiasmo na proposta da UFSB, permite superar três características da universidade brasileira: 1) romper com a tradição cartorial herdada da universidade lusitana colonial, 2) desconstruir a herança eurocêntrica da elite nacional e 3) reparar as sequelas da reforma universitária imposta pelo regime militar em 1968.
Como fazê-la (a Universidade) politicamente responsável, socialmente inclusiva e, ao mesmo tempo, reafirmar a excelência acadêmica que a define como instituição plena de autonomia e criatividade? Como fomentar eficiência e economicidade pertinentes à gestão pública e, ao fazê-lo, incutir valores pertinentes ao contexto contemporâneo mutante e globalizado?
Ecologia dos saberes: Boaventura de Sousa Santos
"A injustiça social contém no seu âmago a injustiça do conhecimento"
Boaventura de Sousa Santos defende uma Epistemologia do Sul, contraposta às matrizes eurocêntricas do pensamento ocidental hegemônico nas sociedades oriundas do colonialismo e marcadas pelo imperialismo.
As sociedades contemporâneas cada vez mais se definem por sociodiversidade, etno-diversidade e epistemo-diversidade, ou, como prefere Sousa-Santos, democracia, multiculturalismo e interdisciplinaridade.
Os países periféricos, ricos em saberes não científicos, mas pobres em conhecimento cientifico, sofrem os efeitos de estratégias econômicas
No âmbito universitário, a ecologia de saberes pode produzir um movimento de revolução epistemológica, sendo assim considerada uma forma de extensão ao contrário, de fora da universidade para dentro da universidade.
Compreende, enfim , a promoção de diálogos entre saberes científicos ou humanísticos, que a universidade produz, e saberes leigos, populares, tradicionais, urbanos, camponeses, das favelas, provindos de culturas não ocidentais (indígenas, de origem africana, oriental etc.) que circulam na sociedade e igualmente a compõem.
"A injustiça social contém no seu âmago a injustiça do conhecimento"
Boaventura de Sousa Santos defende uma Epistemologia do Sul, contraposta às matrizes eurocêntricas do pensamento ocidental hegemônico nas sociedades oriundas do colonialismo e marcadas pelo imperialismo.
As sociedades contemporâneas cada vez mais se definem por sociodiversidade, etno-diversidade e epistemo-diversidade, ou, como prefere Sousa-Santos, democracia, multiculturalismo e interdisciplinaridade.
Os países periféricos, ricos em saberes não científicos, mas pobres em conhecimento cientifico, sofrem os efeitos de estratégias econômicas
No âmbito universitário, a ecologia de saberes pode produzir um movimento de revolução epistemológica, sendo assim considerada uma forma de extensão ao contrário, de fora da universidade para dentro da universidade.
Compreende, enfim , a promoção de diálogos entre saberes científicos ou humanísticos, que a universidade produz, e saberes leigos, populares, tradicionais, urbanos, camponeses, das favelas, provindos de culturas não ocidentais (indígenas, de origem africana, oriental etc.) que circulam na sociedade e igualmente a compõem.
Inteligência coletiva: Pierre Lévy
"...práticas e teorias ligadas ao aprendizado em rede, propiciando formas efetivas de ensino mediado por tecnologias."
Este autor propõe que o conceito de inteligência coletiva configura um ecossistema de quatro dimensões: material, técnico, cultural, social.
A inteligência coletiva não é um tema puramente cognitivo e sim político e social, pois só pode existir desenvolvimento da inteligência coletiva se houver cooperação competitiva ou competição cooperativa.
A inteligência coletiva nasce a partir do equilíbrio entre competição e cooperação.
Para que tais convergências se tornem possíveis na prática, é necessária uma profunda reforma no sistema educacional, no que diz respeito ao reconhecimento das experiências adquiridas.
O sujeito elege o que é importante para seu conhecimento (levando em sua bagagem, para permuta, referências sobre seu lugar, sua cultura e história de vida); o aprendiz pode traçar o seu próprio caminho – diferente dos demais, de acordo com seus interesses; quebra-se a barreira do espaço delimitado da universidade; organiza-se a escala de conhecimento por níveis, etapas e ciclos.
"...práticas e teorias ligadas ao aprendizado em rede, propiciando formas efetivas de ensino mediado por tecnologias."
Este autor propõe que o conceito de inteligência coletiva configura um ecossistema de quatro dimensões: material, técnico, cultural, social.
A inteligência coletiva não é um tema puramente cognitivo e sim político e social, pois só pode existir desenvolvimento da inteligência coletiva se houver cooperação competitiva ou competição cooperativa.
A inteligência coletiva nasce a partir do equilíbrio entre competição e cooperação.
Para que tais convergências se tornem possíveis na prática, é necessária uma profunda reforma no sistema educacional, no que diz respeito ao reconhecimento das experiências adquiridas.
O sujeito elege o que é importante para seu conhecimento (levando em sua bagagem, para permuta, referências sobre seu lugar, sua cultura e história de vida); o aprendiz pode traçar o seu próprio caminho – diferente dos demais, de acordo com seus interesses; quebra-se a barreira do espaço delimitado da universidade; organiza-se a escala de conhecimento por níveis, etapas e ciclos.
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