Este texto reflete sobre a relação entre a contribuição de Zygmunt Bauman e Edgar Morin ao contexto escolar atual. A Bauman pertence a contribuição sobre liquidez no mundo moderno a partir da obra “Modernidade Líquida” e a Morin a contribuição sobre a complexidade da condição humana a partir da obra “Sete Saberes Necessários à Educação”.
Zygmunt Bauman, explica as novas e atuais adaptações humanas à vida em sociedade, num espaço e tempo onde tudo é veloz, efêmero e incerto. Bauman se apropria da Era da Modernidade para estabelecer o paradigma de que todos os valores e construções sólidas estabelecidas ao longo tempo, se derretem para atender a uma vida mais prática, sem planejamentos de longo prazo e com muitas incertezas que se desdobram ao longo das relações humanas. A segurança, as crenças, o amor, as relações de consumo, o trabalho, o tempo obedecem à lógica da incerteza.
Bauman revela o caos da vida humana, como não conseguimos mais adotar valores sólidos ao longo do tempo e como literalmente os derretemos para nos adaptar à velocidade e a incerteza do mundo moderno. Edgar Morin, embora numa teoria diferente, adota a mesma linha do pensando, de que o caos está posto, acontece, estamos dentro dele e que nos movimentamos cegos e inconscientes dos prejuízos causados. Seu alerta é dado com o intuído de nos voltarmos criticamente para este caos para construir uma vida humana cuja relação com o outro, com o mundo e com o universo seja mais sadia. Este caminho é desenhado pela educação.
É possível aprender com Bauman e Morin que o contexto educacional atual exige uma reflexão tanto individual quanto coletiva a partir daquilo que recebemos historicamente e construímos socialmente. O conhecimento na escola atual é repartido entre disciplinas que não conversam entre si, o “conteudísmo” não garante a formação crítica dos estudantes e não torna possível compreender a complexidade do mundo onde vivemos.
Muito mais do que estabelecer verdades absolutas com o discurso sobre o que é certo e o que é errado, a educação deve ser desenhada na intenção de fazer o individuo encontrar diálogo entre os conhecimentos, compreender a complexidade da condição humana e estabelecer meios para viver de maneira mais sadia no mundo líquido.
As heranças hegemônicas que de desdobram na educação atual precisam ser compreendidas, para entendimento de que ao tempo em que progredimos, também regredimos e nesse paradoxo também estão centradas as relações de ensino e aprendizagem. Compreender essa dinâmica nos dá ferramentas para a construção de uma sociedade mais ética e a escola é a chave para a efetividade desse processo.
Embora sejam paradigmas distintos os de Bauman e Morin, ambos conversam entre si ao refletirem questões cotidianas e patentes a partir da forma como o homem se relaciona com o outro e com o mundo. Apenas formando cidadão críticos, reflexivos, conscientes de sua atuação no mundo é que poderemos obter respostas efetivas sobre o que fazer diante do caos.
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