SCHEIBE, Leda. Valorização e Formação dos Professores para a Educação Básica: Questões Desafiadoras para um Novo Plano Nacional de Educação. Educ. Soc., Campinas, v. 31, n. 112, p. 981-1000, jul.-set. 2010.
Toda a discussão de Scheibe se faz a partir do Plano Nacional de Educação - PNE em vigor articulando questões já resolvidas e alguns próximos desafios. A autora argumenta que o momento da construção do PNE é o momento da sociedade dizer o que deve ser.
O Cenário apresentado se faz a partir da formação do professor com dados do Censo Escolar de 2007, quando observa que 68,4% dos professores brasileiros possuem graduação completa. Além disso:
82% são mulheres; A média de idade é de 38 anos; 80% atual em uma só escola; 63% em um só turno; 83% na zona urbano e; 84% é da rede pública. O perfil dos docentes é diverso e a ausência de um Sistema Nacional de Educação parece ser uma das razões pelas quais a profissão se apresenta tão diferenciada e fragmentada.
Além dos desafios citados, que estão centrados nos baixos salários, deterioração das condições de trabalho, longas jornadas, indisciplina e violência na escola, salas superlotadas e da dificuldade em realizar atualizações de conteúdo e metodológicas. Outro agravante é a formação, visto que muitas instituições oferecem o ensino a distância ou com encontro no turno noturno, numa tradição disciplinar.
Os mecanismos de controle adotados são ações dispensáveis, pois além de considerarem o professor como indivíduo que apenas vende sua força de trabalho, carecem de uma ação mais processual e disgnóstica que encare o professor como ator indispensável no processo de ensino.
Os principais marcos legais são a Constituição de 88 e a Lei de Diretrizes e Bases de 96. A Constituição Federal reafirma a República Federativa que também considera os municípios como ente federados, causando uma descentralização, importantes por considerar as especificidades locais, mas destrutivas no sentido de consolidação de ações em regime de colaboração. União, estados e municípios não falam a mesma língua. Outros marcos legais citados são o Fudeb (2007), as Diretrizes Curriculares Nacionais (2002), a Lei do Piso Salarial (2008), dentre outros.
Outro ponto importante, destacado durante a discussão de Scheibe, foi a indissociabilidade entre a valorização e a formação do professor, dois aspectos que devem ser analisados sempre em conjunto e não distintamente.
"O PNE tem como uma das suas tarefas primordiais aprofundar a articulação da formação inicial com a formação continuada" que não pode estar distante da realidade em que o professor está inserido. Os modelos de formação percebidos durante a discussão e que fazem parte da formação do professor são: O modelo de conteúdos culturais cognitivos (mais tradicional) e o modelo pedagógico didático (mais atual). Este ultimo considera a procução na socialização do conhecimento, nas possibilidades de ensinar tudo a todos. O Financiamento para a formação também torna-se um desafio. Algo que deve ser ampliado também para a pós graduação.
Por fim, as questões abordadas no PNE não são novas, há décadas de discussão sobre tais questões e as demandas por formação adequada deve ser apoiadas mais seriamente pelo poder central.