domingo, 16 de fevereiro de 2020

Novo(s) Nordeste(s)


A obra de Albuquerque Júnior (2011), com primeira publicação feita em 1999, fala sobre a necessidade de descontruir o Nordeste. Nordeste é uma das principais linhas de pesquisa desse autor, reconhecida como uma construção imaginaria e discursiva iniciada no século XX, por intelectuais, artísticas, escritores, tendo como grande mentor, Gilberto de Mello Freyre.

No norte do país, acima da Bahia, o que vai provocar essa ruptura (Norte x Nordeste) é o argumento climático, das secas e – para se contrapor ao processo de industrialização do Brasil e o fim da escravidão – a ideia de que a verdadeira cultura brasileira era a cultura nordestina, agarrando-se a elementos que considerassem os aspectos climáticos da caatinga, do semiárido, legitimando a região e a cultura nordestina como sempre existente no país.

Esse novo regionalismo vai considerar uma nova percepção dos espaços, num contexto onde se quer criar uma “Identidade Nacional”. No Nordeste, ele vislumbra aspectos relacionados à inferioridade, subalternidade, alienação, ruralidade do povo nordestino. O

Nordeste do “Sertão”, também vai ser “Espaço de Saudade” do tradicional, do conservadorismo, do patriarcado, da casa grande. O Nordeste vai andar na contramão da construção da identidade progressista que o país buscava.

A tarefa de considerar esse(s) novo(s) Nordeste(s), na perspectiva de Albuquerque Júnior, onde conhecer é descontruir elementos culturais, consolidados na identidade nordestina, como que enraizados por intelectuais consagrados no Brasil e mundo afora, é de espantar. Tarefa extremamente desafiadora, contudo, necessária.

O Nordeste como está posto na literatura, nas artes, dos discursos e imaginário das pessoas, de fato, não é Nordeste como ele sempre foi, ou como deveria ser.
 

Fonte:
ALBUQUERQUE JÚNIOR, Durval Muniz. A Invenção do Nordeste e Outras Artes. 5ª Ed. São Paulo: Cortez, 2011.

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