sábado, 11 de maio de 2019

Observação em Campo-Escola para Intervenção



O presente texto faz referência à observação realizada no campo-escola, considerando múltiplas perspectivas de análise do espaço escolar e do material didático utilizado (ou não) naquela unidade para, posteriormente, pensar uma intervenção que resulte na produção de um material didático.

A Unidade Escolar escolhida foi o anexo do Colégio Estadual Almakazir Gally Galvão (CEAGG) no distrito de Itamotinga, pertencente ao município de Coaraci-BA. O anexo, como o “colégio-sede”, oferta o ensino médio e funciona no Prédio Escolar João Mendes da Costa cedido pelo município, construído na gestão do prefeito Gilberto Lyrio e inaugurado no dia 12 de dezembro de 1969. O ato de inauguração provavelmente fez parte das comemorações alusivas à emancipação política da cidade que aconteceu é 12 de dezembro de 1952 e desde então é comemorada todos os anos.


Antes de tecer análise sobre o espaço escolar, a relação entre professores e recursos didáticos, o desenvolvimento de atividades pedagógicas e as possibilidades de produção, torna-se necessário mencionar um momento anterior, o do deslocamento de professores e alunos para o anexo. Três ou quatro professores se deslocam diariamente e alguns alunos embarcam no percurso, a escola está numa localidade de difícil acesso e a viagem dura entre 40 minutos e 01 hora, alguns trechos oferecem um certo risco e em dias de chuva todas as dificuldades do trajeto ganham uma proporção maior. Ao entrar no ônibus para nossa observação no campo-escola, que aconteceu numa terça-feira, dia 19 de março do corrente ano, às 18h e 10min, constatamos livros didáticos empilhados no piso do transporte, eles seriam entregues naquele que seria o segundo dia de aula.


As aulas são ofertadas no turno noturno e, embora regular, a cotidiano dá às práticas pedagógicas, características de educação de jovens e adultos (EJA) e educação do campo. O anexo possui menos de 50 alunos matriculados o que, para o Governo do Estado, do ponto de vista administrativo e financeiro, não é um atrativo para a manutenção de oferta do ensino médio naquele lugar. A comunidade escolar ali, não se sente parte da “colégio-sede”, não participa dos projetos ao longo do ano e não apresenta perspectivas quanto ao ingresso no ensino superior. Uma professora, desenvolve todo ano um projeto voltado para preservação da memória local, valorização da história do distrito e a relação entre o homem e o meio ambiente.

O grupo de observação foi composto por 07 alunos da Universidade Federal do Sul da Bahia - UFSB, a saber: Alana Benevides de Souza, Adclecia Andrade, Geiziane Teles da Silva, Hildebrando Neri dos Santos Neto, Luciara Oliveira do Nascimento e por nós, Erivelton Souza Campos e Kévila dos Santos Souza Guerra.

Num primeiro momento notou-se que a escola estava ainda em reforma, com pintura recente e ainda desorganizada. O prédio possui 03 salas de aulas, amplas e arejadas, 04 banheiros pequenos, 01 sala que serve como secretaria, coordenação e sala de professores (apenas uma professora afastada da sala de aula atua como secretária e coordenadora no local), 01 cozinha, 01 sala reservada para o funcionamento da diretoria de uma creche municipal no turno matutino. O mobiliário é aparentemente adequado.

Na sala: mesas, cadeiras, mesa do professor, um quadro branco e um “ventilador de pé”. A escola não possui computador, aparelho de som ou DVD. Livros apenas os didáticos, 01 aparelho de Datashow quebrado, uma TV pendrive, murais vazios e um globo. A escola possui acesso à internet.



Acompanhamos uma aula de química, ministrada pelo professor Lázaro na turma do 1º ano. A aula foi dada considerando a realidade local e o cotidiano dos alunos, a diferença entre produtos naturais e industrializados, a composição de medicamentos comuns.


Conversamos também com o professor Caetano, que ministrou aula de espanhol no 2º ano, o professor organizou a sala em círculo antes da entrada dos alunos e tinha consigo alguns dicionários do espanhol. Segundo ele, os dicionários foram conseguidos numa gincana, pois a escola não possuía esses matérias, alguns foram doados ou comprados pelo próprio professor. O professor ainda cita algumas dificuldades no ensino dá língua espanhola, os livros didáticos, por exemplo, vêm com um CD anexado, mas o uso é impossível na escola atualmente pela falta de aparelho de som.

Muitos alunos vão para a escola, fardados, mas não entram no prédio, ficam do lado de fora socializando, os que possuem celulares utilizam o sinal da rede wi-fi da escola. A parte externa da escola parece ser um lugar de fuga, eles não estão em casa, mas também não estão assistindo aula. Existe outra área externa nos fundos da escola, é ampla, limpa e muito arejada com uma grande árvore no meio. O espaço parece ser oportuno para atividades fora da sala de aula, socialização, leitura, projetos, etc. mas não é utilizado.

A adequação desse espaço para atividades educativas parece ser uma ação acertada para a melhoria da prática pedagógica. Criar algum mecanismo para a aquisição de um aparelho de som para a escola também foi citado pelo grupo observador.


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